como escolher um comandante

Palavra do Comandante – Meu Primeiro Exército

Uma das experiências mais divertidas do formato commander é o desenvolvimento de decks. Eu costumo trabalhar em listas das mais diversas lendas, sob os mais diversos pontos de vista, somente pela graça de encontrar cartas esquecidas no passado do Magic que poderiam mitar com os companheiros certos. Então vou montar um guia para montagem de deck!

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1º PASSO – O COMANDANTE

Na maioria dos projetos, o pontapé inicial é o mais difícil, a partir daí as coisas vão se desenrolando. Para montagem de decks não é diferente. Se eu fosse apontar o pontapé inicial para o commander, eu diria que é a escolha do seu general.

Você pode ter na sua cabeça as cores que você quer jogar, entrar na busca avançada do magiccards.info, digitar ‘criatura lendária’, as cores e escolher sua lenda. Pode ter uma ideia da estratégia que quer seguir e pesquisar lendas que podem te auxiliar. Pode ter já um general em mente que você goste como criatura lendária. Qualquer motivação vale, mas lembre-se que esse infeliz é o único cara que com certeza estará lá te ajudando todo santo jogo, então escolha sabiamente.

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Alguns exemplos de comandantes com diferentes finalidades

Existem algumas lendas voltadas para geração de recursos. Em alguns decks, têm-se dificuldade de manter o gás, especialmente se tratando de mesão e cada um com 40 pontos de vida. Portanto, como a única criatura garantida, podendo ser reutilizada, você pode optar por alguém que vá te reabastecer, por exemplo a Wort. Outras lendas, são voltadas pra ser uma peça chave do funcionamento e sinergia do deck, provendo habilidades específicas pra se tirar vantagem, ou mesmo sendo a base pro deck como um todo, por exemplo o Animar. Algumas ainda são a condição de vitória principal do deck, e o funcionamento dele é apenas para dar cobertura e abrir caminho, já que o general só precisa causar 21 pontos de dano (conhecido popularmente como Voltron – uma série japonesa em que vários robozinhos se montavam em um único grande robô), por exemplo o Skithiryx (que no caso é pior ainda, já que só precisa causar 10). Por fim, alguns decks usam suas lendas apenas para garantir o prisma de opções da cor e ser um plano B caso o deck esteja em apuros, por exemplo o Progenitus. Lembrando que estou apenas apontando o uso mais comum, você pode fazer voltron com Progenitus ou usar o Skithiryx de alternativa.

 

2º PASSO – A TÁTICA DE COMBATE

Esse segundo passo, pode ser o primeiro, conforme eu disse antes. Por exemplo, eu gosto de marcadores +1/+1, vou procurar um general que me ajude, e ver o que é possível nas cores dele. Mas na linha que eu sugeri, com o seu general em mãos, o que você quer que o deck faça? Quer fazer o deck voltron? Coloque bastante equipamento, coisas para protegê-lo, quem sabe alguns tutores caso ele seja jogado no meio do seu deck, aceleração de mana para ele entrar o mais cedo possível etc. Quer usar alguma estratégia específica que o seu comandante possibilita? Pense no que você precisa preparar antes dele entrar, o que você vai precisar fazer depois, qual a melhor maneira de garantir que seu plano ocorra sem interrupções. Quer montar seu deck independente do seu comandante? Quer ganhar combando? Quer matar todos antes que eles tenham a chance de jogar qualquer coisa? Quer prender a todos pra que você seja o único da mesa que consiga jogar suas cartas?

A liberdade é sua, mas é bom ter em mente o que você quer, senão fica complicado de encontrar as cartas certas. Com o leque de somente todas as cartas da história do jogo, é fácil se perder e o deck ficar sem propósito.

My precious, MY PRECIOUS!

 

3º PASSO – A ESCOLHA DAS ARMAS

Já sei quem será meu general, já sei o que eu quero do meu deck. Mas eu preciso de 99 cartas diferentes, como vou achar as melhores opções?

Geralmente, o que eu faço é procurar listas na internet. Existem sites como o tcgplayer, o tappedout e o mtgtop8 (específico para o francês), em que vários jogadores divulgam suas listas, pedindo sugestões e dicas. Você pode procurar pelas listas já postadas, ver as cartas que ele pensou, ver as que se encaixam com o que você tem em mente e ir anotando. Ou pode postar você mesmo sua concepção de lista e pedir ajuda. Lembre-se de jogar no google o nome do seu comandante e ‘commander’ ou ‘edh’, que encontrará vários sites diferentes tratando sobre listas e ideias. Alternativamente, você pode ir na busca do magiccards e ir buscando pelo texto as opções específicas pra cada função que você quer suprida no seu deck, por exemplo, buscar ‘destroy’ e ‘artifact’ nas cores do seu general para analisar suas opções.

Como o commander tem uma lista de banidas curta, e a requisição de poder é bem relativa, várias cartas que nunca viram jogo outrora podem ser exatamente o que você precisa. Você vai se deparar em vários momentos com coisas que nunca viu nem ouviu falar, ou mesmo coisas que você olha e pensa não ser jogável. Mas os pontos de vida maiores e a presença de vários jogadores abrem liberdades que não existem em nenhum outro formato. Desenterre suas pastas e caixas abandonadas e comece a cavar.

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4º PASSO – AFINANDO E AFIANDO

Como jogador de magic, você deve saber a dificuldade envolvida na montagem de decks. Às vezes, você idealiza algo e não consegue cumprir, às vezes não existem cartas no jogo que façam o que você gostaria. Não tem muita solução pra esse tipo de problema, você vai ter que se aventurar e arriscar. Eu recomendo sua primeira lista ser apenas com coisas que você já tenha, ou compre um pré-montado de commander e ajuste com a sua pasta. Veja como o deck se comporta, o que falta, o que não funciona. Aí pesquise novamente opções, peça sugestões. Como em qualquer outro formato, quem tem mais prática tem uma noção maior das cartas que funcionam e as cartas que parecem bonitas, mas não entregam o que prometem.

Você pode acabar mudando de ideia quanto à estratégia porque ela é inviável num mesão, ou num embate com mais pontos de vida. Pode se desapontar com a sua lenda favorita, pode encontrar algo novo que lhe pareça mais divertido. Eu disse no meu último post, que um dos atrativos era poder montar um deck para a eternidade, então pense que seu trabalho não vai precisar ser desmontado na próxima rotação, você jamais perderá opções (exceto quando banirem algo), seu deck só evolui. Por ser um formato casual, não existe um metagame pra você focar, algo que você precise responder. No youtube você encontra vários vídeos de jogos no Magic Online, lá você pode analisar generais e cartas sem precisar correr muito.

Caso seu orçamento seja limitado, teste com proxies, se seus amigos não se importam, antes de comprar alguma coisa. Teste alternativas, nem sempre as cartas mais eficientes são as melhores no seu deck. Às vezes aquela carta com custo absurdo que você deu risada e cuspiu em cima quando abriu no booster é exatamente o que você quer e com 40 pontos de vida ela se tornou possível. Sempre vai ter aquele cara com um pseudo-vintage disfarçado de commander, mas num jogo multiplayer, o que ele ganha geralmente é montinho da galera. O foco do deck tem que ser se divertir!

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Sim meu amigo, você vai ter que se esforçar, mas take it easy e divirta-se acima de tudo!

Eu já montei e desmontei vários decks commander, recentemente eu comecei a pegar várias cartas que eu acho que tem uso no formato e mantenho-as guardadas, pra quando eu quiser montar algo diferente eu não perca muito tempo correndo atrás de tudo. Ainda estou à procura da minha criatura lendária ideal, embora tenha tido vários decks divertido e outros muito fortes, ainda não encontrei aquele que consegue equilibrar as duas coisas satisfatoriamente. Mas todo set tem lendas, e toda lenda são novos horizontes.

Fique atento à Palavra do Comandante, recentemente eu analisei as cartas no produto novo Conspiracy, conforme novos sets são lançados, darei minha opinião nas cartas pro formato. E eventualmente postarei minhas próprias listas de generais que eu gosto. Não perca!

Frederico Cominato